segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Apontamentos

Aos 15 anos prometemos nunca nos separar, prometemos que continuaríamos as melhores amigas e igualmente inseparáveis. Tínhamos um sonho: aos 18 anos teríamos emprego e viveríamos juntas... continuaríamos a estudar, a sair, a fazer grandes jantaradas com o nosso pequeno grupo de amigos, iramos a muitos festivais de verão e conheceríamos muitas pessoas da nossa idade e faríamos novos amigos por todo o país. Promessas, promessas e mais promessas. 
Actualmente sei no mais intimo de mim que já não somos as melhores amigas... deixámos de ser inseparáveis para passar a ser totalmente separáveis. Já não vivo para ela nem ela para mim. Ela foi viver com uma outra amiga, foi a muitos festivais de verão com todo aquele pessoal que foi conhecendo na minha ausência. Sai, diverte-se, fuma, bebe, curte a vida e vai curtindo-a com quem lhe aparece e é feliz - acho!
Hoje já não gosto de estar com ela. Com ela sou uma pessoa da qual não gosto: sou aquela miúda incapaz de dizer o que verdadeiramente pensa, que se ri com aquele seu sorriso amarelo e forçado, que tem vontade de virar costas e partir... Já não consigo falar com ela. Já não consigo abrir-me com ela. As palavras deixam simplesmente de fluir com naturalidade e todas as respostas são pensadas e nenhuma sai de forma espontânea.

«Sabes com quantas pessoas consigo ser verdadeiramente eu?»

Poucas. Tão poucas. As suficientes para que eu possa afirmar que os dedos de uma só mão chegam e sobram. 

Não me é fácil gostar das pessoas e vivo com a certeza que são poucas as pessoas que sentem uma empatia para comigo ao primeira impacto. Não sou fácil. Gosto de me fechar e de me esconder atrás do meu escudo, mas quando gosto... GOSTO e aí o meu escudo cai por completo e resto só eu e o meu corpo desprotegido - um corpo que deixou de ter medo de se desiludir e de ficar com algumas cicatrizes! 
A verdade é que poucas foram as pessoas que tiveram e têm o prazer (ou não) de me conhecer por inteiro. Poucas são as pessoas que têm o prazer (ou não) de me roubar uma forte gargalhada capaz de me fazer  perder o fôlego e de me levar ás lágrimas de tanto rir.

«Percebes agora porque gosto tanto dele?»
«Percebo!»

4 comentários:

Miss P disse...

Senti vontade de comentar este texto,sempre que tenho amizades a sério,que não são mais que dois dedos de uma mão,faço-o projectando o futuro da amizade,mas raramente correspondem ás expectativas.A Vida torna-se neste campo para mim permanente recomeçar.
Lá está,secalhar para sempre seja palavra sem significado.

beijinhos,
bom blog.

Sissy disse...

Nem sabes o quanto è que me identifiquei ao ler isto. Infelizmente, ás pessoas mudam, algumas por conveniência, outras porque simplesmente mudam. Nem sempre é para o lado melhor. Mas a realidade é que triste, vermos que as nossas melhores amigas aos 15 anos, agora não o são. E quanto menos tempo estamos com elas, por vezes acaba por ser positivo, de uma maneira ou de outra.

Beijo***

Kai disse...

Gostei deste post, porque gostei e pronto.. Foi o teu melhor post para mim.

Acho que aos poucos deixei de projectar amizades; tomei consciência que as pessoas (incluindo eu), mudam.. O que unia, ou até mesmo o que antes separava, amanhã pode ser exactamente o oposto. Por isso aos poucos, tento libertar essas memórias futuras da mente, e vivo com o que tenho hoje..

Bju

Amélie disse...

Patrícia:

Obrigada :)Eu há muito que deixei de projectar o futuro das minhas amizades.. Pura e simplesmente vi que não vali a pena. Beijinho.

Sissy:

Penso que no meu caso se tornou algo de positivo porque tenho a certeza absoluta que se tivesse continuado a ser a melhor amiga dela que a pessoa que sou hoje não existiria e eu gosto muito do que sou e de como sou. Beijinho.

Kai:

Bons olhos te vejam, ao tempo que não te via por cá...
Pois... Tens razão: o que interessa é hoje o amanhã logo se vê e pronto. Beijinho.